Existem diversas situações em que a terapia da fala desempenha um papel crucial. Entenda a quem se destina e em que casos é aconselhada.
A terapia da fala abrange uma variedade de problemas e é recomendada em diferentes contextos. De forma geral, tem como objetivo auxiliar na superação de dificuldades relacionadas com a comunicação, abrangendo também aspetos ligados à deglutição (processo de engolir alimentos e bebidas).
Esta abordagem pode ser indicada tanto para crianças como para adultos que enfrentem este tipo de desafios. Naturalmente, quanto mais cedo se iniciar este acompanhamento, melhores serão os resultados alcançados.
O que é a terapia da fala?
A terapia da fala lida com vários problemas e condições, sendo indicada para complicações como:
– Atraso ou perturbação no desenvolvimento da linguagem;
– Dificuldades de leitura e escrita (dislexia, disgrafia, disortografia);
– Perturbações adquiridas da linguagem (afasia, disfasia, discalculia);
– Problemas articulatórios (sigmatismo);
– Dificuldades motoras da fala (disartrias, disfonia, desfemia ou gaguez);
– Complicações na deglutição (processo de engolir alimentos e bebidas).
Áreas de Intervenção
As principais áreas de intervenção da terapia da fala incluem linguagem, articulação (fala), alimentação e voz. Analisemos cada uma em detalhe:
1. Linguagem
Existem diferentes tipos de linguagem, verbal (oral e escrita) e não verbal (gestual, por exemplo). Quando há dificuldades neste campo, como acontece em casos de afasia, é necessário intervir para não prejudicar a capacidade de comunicação.
2. Articulação
A articulação verbal permite produzir fonemas, ou seja, vocalizar vogais e consoantes, coordenando os movimentos da língua, dos lábios, da mandíbula e dos dentes (órgãos fonoarticulatórios). Em situações de disartria, a articulação não ocorre corretamente, prejudicando a clareza do discurso e a comunicação.
3. Alimentação
A terapia da fala pode ser indicada quando há dificuldades nas atividades neuromusculares, como mastigação e deglutição. A disfagia, que se refere a este problema, tem origem em lesões neurológicas e prejudica tarefas fundamentais relacionadas com a alimentação.
4. Voz
A voz, produzida pelos órgãos ressoadores – laringe, faringe, lábios, língua, palato (céu da boca), dentes e cavidade nasal -, não é sempre igual e pode variar de acordo com vários fatores. A disfonia é o termo utilizado para descrever problemas ao nível da voz, com possíveis causas no uso incorreto da voz, abuso vocal ou lesões neurológicas.
Terapia da Fala em Crianças
A terapia da fala em crianças pré-escolares e escolares aborda principalmente as dificuldades na articulação dos sons da fala e o atraso no desenvolvimento da linguagem. Tratar essas complicações é crucial para evitar possíveis atrasos na aprendizagem da leitura e da escrita.
Muitas destas dificuldades podem manifestar-se nos primeiros meses de vida, mas nem sempre são detetadas, especialmente pelos pais, que podem não reconhecer os sinais de alerta. Recomenda-se atenção especial sempre que se observem algumas das seguintes manifestações, por faixas etárias:
0 a 6 meses:
– Não reage a sons;
– Não sorri;
– Não estabelece contacto visual.
6 a 12 meses:
– Não emite sons;
– Não reage ao seu nome ou a sons familiares.
12 a 18 meses:
– Não brinca;
– Não produz monossílabos;
– Não reage ao interlocutor;
– Não imita.
18 a 24 meses:
– Não compreende instruções simples;
– Tem um vocabulário que não ultrapassa as seis palavras;
– Não diz palavras simples.
2 a 3 anos:
– Tem um vocabulário inferior a 200 palavras;
– Não faz perguntas;
– Não junta duas ou mais palavras;
– Tem dificuldade em imitar gestos simples;
– Usa mais gestos do que palavras.
3 a 4 anos:
– Tem um padrão de fala pouco percetível;
– Não produz frases simples;
– Utiliza frequentemente palavras como “isto” e/ou “coisa”;
– Tem dificuldade em compreender ordens simples.
4 a 5 anos:
– Omite e/ou troca sons nas palavras;
– Tem dificuldade em iniciar ou repetir uma palavra, como se gaguejasse;
– Tem dificuldade em contar uma história e descrever acontecimentos simples e a rotina diária;
– Tem dificuldade em cumprir duas instruções simples;
– Tem dificuldade em falar ou responder a questões sobre o passado ou o futuro.
5 a 6 anos:
– Mantém alterações na articulação das palavras;
– Usa frases mal estruturadas;
– Tem um discurso incoerente, desorganizado e inadequado;
– Tem dificuldade em manter e explorar um determinado tópico de conversa;
– Não consegue dividir as palavras em sílabas e as sílabas em fonemas;
– Tem dificuldade em discriminar os sons da fala.
Terapia da Fala em Adultos
Os adultos também podem beneficiar da terapia da fala em situações específicas. Por exemplo, no caso de profissões que desgastam a voz, como professores, cantores ou locutores de rádio.
A terapia da fala em adultos é recomendada quando há patologias laríngeas, após cirurgias nas cordas vocais ou em casos de tumores na cabeça e pescoço. Traumatismos cranioencefálicos, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e doenças degenerativas do sistema nervoso central são outras situações em que a terapia da fala pode ser útil.
Se responder afirmativamente a alguma destas questões, ponderar a consulta a um terapeuta da fala pode ser benéfico.