Varicela: sintomas e tratamento
A varicela é uma doença infeciosa e altamente contagiosa, mais frequente no final do inverno e no início da primavera. É particularmente prevalente nas crianças com menos de 10 anos de idade (afetando centenas por ano apenas no nosso país), faixa etária em que geralmente tem um curso benigno.
No entanto, esta patologia revela-se mais grave quando afeta adultos, podendo ainda ser fatal se atingir recém-nascidos ou imunodeprimidos. Pode suscitar complicações como pneumonia, fasceíte, choque tóxico, cerebelite ou encefalite.
Na sua origem, está o vírus varicela zoster, do grupo Herpesvirus. A sua manifestação mais visível e evidente consiste em vesículas (bolhas) que se podem espalhar por toda a pele e que causam prurido intenso.
Aproximadamente 10% dos adultos que tiveram varicela na infância podem ver este vírus reativado sob a forma de outra doença, a zona.
Sintomas
O sintoma mais característico desta doença são mesmo as pequenas manchas vermelhas (máculas) que, passadas algumas horas, evoluem para lesões sólidas da pele.
Cerca de 3 a 4 dias depois, começam a formar-se vesículas (pequenas bolhas) que vão dar origem a crostas. O principal efeito destas lesões é provocarem um prurido persistente e incomodativo.
Geralmente, estas erupções da pele começam por se manifestar no tronco, passando depois para as extremidades como couro cabeludo, axilas, boca, face, trato respiratório ou para áreas com irritação cutânea, como regiões com queimaduras solares ou dermatite das fraldas, por exemplo.
Associada a esta sintomatologia, pode ainda haver lugar a:
– Febre ligeira (mais grave quando o doente se trata de um adulto);
– Dor de cabeça;
– Dor abdominal;
– Mal-estar;
– Falta de apetite;
– Erupção da pele.
Há, no entanto, outros sintomas que, caso ocorram, exigem uma avaliação médica imediata. Entre eles, estão:
– Infeção na pele;
– Vesículas nos olhos;
– Alteração do comportamento;
– Sonolência;
– Dor de cabeça intensa;
– Dificuldade em andar ou em respirar;
– Persistência de febre alta além do 3º dia ou reaparecimento de febre alta;
– Vómitos persistentes;
– Diminuição da ingestão de líquidos;
– Sinais de desidratação;
– Olhos encovados;
– Boca seca;
– Depressão da fontanela (“moleirinha afundada”);
– Choro sem lágrimas;
– Diminuição da diurese.
Tratamento
Antes de mais, é importante manter as unhas curtas e limpas, de modo a evitar que, se se coçar as lesões, se criem feridas e infeções, e garantir a hidratação, através da ingestão regular de água.
São ainda sugeridos banhos diários com água morna e um gel antisséptico; a aplicação de cremes e de loções à base de calamina que atenuem o prurido; e o uso de roupas leves.
Além disso, podem ser prescritos medicamentos anti-histamínicos, analgésicos e paracetamol, em caso de febre. Em algumas situações, pode ser ainda recomendada a toma de antibióticos ou antivirais.
Como se transmite?
Como já referimos, a varicela é uma doença bastante contagiosa. Transmite-se de pessoa para pessoa através de:
– Contacto direto com as bolhas ou com objetos contaminados;
– Contacto com gotículas de saliva contaminadas, as quais podem ser expelidas pelo doente, quando espirra, tosse ou fala.
Habitualmente, esta doença tem um período de incubação de 14 a 16 dias, mas que pode ir até 10-21 dias. O período de contágio começa 48h antes do início das lesões cutâneas e dura até à fase de formação de crostas das lesões.
Vacinação
Existe uma vacina contra a varicela, mas ela não faz parte do Programa Nacional de Vacinação. Esta vacina é especialmente recomendada a adolescentes e adultos de risco, mais suscetíveis à infeção, como é o caso de:
– Mulheres não imunes antes da gravidez;
– Pais de crianças jovens, não imunizados;
– Adultos ou crianças que contactam habitualmente com doentes imunodeprimidos;
– Indivíduos não imunes em ocupações de alto risco (trabalhadores de creches e infantários, professores, profissionais de saúde).
Esta vacina garante um quadro mais ligeiro da doença, em caso de infeção pelo vírus varicela zoster. Além disso, os vacinados apresentam uma maior proteção contra a sobre-infeção cutânea do que os não-vacinados.